Salmo 110: O reino e o sacerdócio do Messias

Salmo de Davi.

  1. Disse o SENHOR ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.
  2. O SENHOR enviará de Sião o cetro do seu poder, dizendo: Domina entre os teus inimigos.
  3. Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, no dia do teu poder; com santos ornamentos, como o orvalho emergindo da aurora, serão os teus jovens.
  4. O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
  5. O Senhor, à tua direita, no dia da sua ira, esmagará os reis.
  6. Ele julga entre as nações; enche-as de cadáveres; esmagará cabeças por toda a terra.
  7. De caminho, bebe na torrente e passa de cabeça erguida.

Salmo 69: O lamento do Messias

Ao mestre de canto. Segundo a melodia “Os lírios”. De Davi.

  1. Salva-me, ó Deus, porque as águas me sobem até à alma.
  2. Estou atolado em profundo lamaçal, que não dá pé; estou nas profundezas das águas, e a corrente me submerge.
  3. Estou cansado de clamar, secou-se-me a garganta; os meus olhos desfalecem de tanto esperar por meu Deus.
  4. São mais que os cabelos de minha cabeça os que, sem razão, me odeiam; são poderosos os meus destruidores, os que com falsos motivos são meus inimigos; por isso, tenho de restituir o que não furtei.
  5. Tu, ó Deus, bem conheces a minha estultice, e as minhas culpas não te são ocultas.
  6. Não sejam envergonhados por minha causa os que esperam em ti, ó SENHOR, Deus dos Exércitos; nem por minha causa sofram vexame os que te buscam, ó Deus de Israel.
  7. Pois tenho suportado afrontas por amor de ti, e o rosto se me encobre de vexame.
  8. Tornei-me estranho a meus irmãos e desconhecido aos filhos de minha mãe.
  9. Pois o zelo da tua casa me consumiu, e as injúrias dos que te ultrajam caem sobre mim.
  10. Chorei, em jejum está a minha alma, e isso mesmo se me tornou em afrontas.
  11. Pus um pano de saco por veste e me tornei objeto de escárnio para eles.
  12. Tagarelam sobre mim os que à porta se assentam, e sou motivo para cantigas de beberrões.
  13. Quanto a mim, porém, SENHOR, faço a ti, em tempo favorável, a minha oração. Responde-me, ó Deus, pela riqueza da tua graça; pela tua fidelidade em socorrer,
  14. livra-me do tremedal, para que não me afunde; seja eu salvo dos que me odeiam e das profundezas das águas.
  15. Não me arraste a corrente das águas, nem me trague a voragem, nem se feche sobre mim a boca do poço.
  16. Responde-me, SENHOR, pois compassiva é a tua graça; volta-te para mim segundo a riqueza das tuas misericórdias.
  17. Não escondas o rosto ao teu servo, pois estou atribulado; responde-me depressa.
  18. Aproxima-te de minha alma e redime-a; resgata-me por causa dos meus inimigos.
  19. Tu conheces a minha afronta, a minha vergonha e o meu vexame; todos os meus adversários estão à tua vista.
  20. O opróbrio partiu-me o coração, e desfaleci; esperei por piedade, mas debalde; por consoladores, e não os achei.
  21. Por alimento me deram fel e na minha sede me deram a beber vinagre.
  22. Sua mesa torne-se-lhes diante deles em laço, e a prosperidade, em armadilha.
  23. Obscureçam-se-lhes os olhos, para que não vejam; e faze que sempre lhes vacile o dorso.
  24. Derrama sobre eles a tua indignação, e que o ardor da tua ira os alcance.
  25. Fique deserta a sua morada, e não haja quem habite as suas tendas.
  26. Pois perseguem a quem tu feriste e acrescentam dores àquele a quem golpeaste.
  27. Soma-lhes iniqüidade à iniqüidade, e não gozem da tua absolvição.
  28. Sejam riscados do Livro dos Vivos e não tenham registro com os justos.
  29. Quanto a mim, porém, amargurado e aflito, ponha-me o teu socorro, ó Deus, em alto refúgio.
  30. Louvarei com cânticos o nome de Deus, exaltá-lo-ei com ações de graças.
  31. Será isso muito mais agradável ao SENHOR do que um boi ou um novilho com chifres e unhas.
  32. Vejam isso os aflitos e se alegrem; quanto a vós outros que buscais a Deus, que o vosso coração reviva.
  33. Porque o SENHOR responde aos necessitados e não despreza os seus prisioneiros.
  34. Louvem-no os céus e a terra, os mares e tudo quanto neles se move.
  35. Porque Deus salvará Sião e edificará as cidades de Judá, e ali habitarão e hão de possuí-la.
  36. Também a descendência dos seus servos a herdará, e os que lhe amam o nome nela habitarão.

Salmo 22: Sofrimento e vitória do Messias

Ao mestre do canto, segundo a melodia “Corça da manhã”. Salmo de Davi

  1. Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de minha salvação as palavras de meu bramido?
  2. Deus meu, clamo de dia, e não me respondes; também de noite, porém não tenho sossego.
  3. Contudo, tu és santo, entronizado entre os louvores de Israel.
  4. Nossos pais confiaram em ti; confiaram, e os livraste.
  5. A ti clamaram e se livraram; confiaram em ti e não foram confundidos.
  6. Mas eu sou verme e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo.
  7. Todos os que me vêem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça:
  8. Confiou no SENHOR! Livre-o ele; salve-o, pois nele tem prazer.
  9. Contudo, tu és quem me fez nascer; e me preservaste, estando eu ainda ao seio de minha mãe.
  10. A ti me entreguei desde o meu nascimento; desde o ventre de minha mãe, tu és meu Deus.
  11. Não te distancies de mim, porque a tribulação está próxima, e não há quem me acuda.
  12. Muitos touros me cercam, fortes touros de Basã me rodeiam.
  13. Contra mim abrem a boca, como faz o leão que despedaça e ruge.
  14. Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se dentro de mim.
  15. Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me apega ao céu da boca; assim, me deitas no pó da morte.
  16. Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia; traspassaram-me as mãos e os pés.
  17. Posso contar todos os meus ossos; eles me estão olhando e encarando em mim.
  18. Repartem entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica deitam sortes.
  19. Tu, porém, SENHOR, não te afastes de mim; força minha, apressa-te em socorrer-me.
  20. Livra a minha alma da espada, e, das presas do cão, a minha vida.
  21. Salva-me das fauces do leão e dos chifres dos búfalos; sim, tu me respondes.
  22. A meus irmãos declararei o teu nome; cantar-te-ei louvores no meio da congregação;
  23. vós que temeis o SENHOR, louvai-o; glorificai-o, vós todos, descendência de Jacó; reverenciai-o, vós todos, posteridade de Israel.
  24. Pois não desprezou, nem abominou a dor do aflito, nem ocultou dele o rosto, mas o ouviu, quando lhe gritou por socorro.
  25. De ti vem o meu louvor na grande congregação; cumprirei os meus votos na presença dos que o temem.
  26. Os sofredores hão de comer e fartar-se; louvarão o SENHOR os que o buscam. Viva para sempre o vosso coração.
  27. Lembrar-se-ão do SENHOR e a ele se converterão os confins da terra; perante ele se prostrarão todas as famílias das nações.
  28. Pois do SENHOR é o reino, é ele quem governa as nações.
  29. Todos os opulentos da terra hão de comer e adorar, e todos os que descem ao pó se prostrarão perante ele, até aquele que não pode preservar a própria vida.
  30. A posteridade o servirá; falar-se-á do Senhor à geração vindoura.
  31. Hão de vir anunciar a justiça dele; ao povo que há de nascer, contarão que foi ele quem o fez.